A criação do Departamento de Imunologia começou a ser concebida em setembro de 1975, quando o Conselho do Departamento de Microbiologia e Imunologia recebeu a opção de 13 docentes de trabalhar no futuro Departamento de Imunologia, caso este se desmembrasse da Microbiologia. Foi também dado conhecimento ao Conselho Departamental dos entendimentos mantidos com o Prof. Dr. Ivan Mota, do Departamento de Histologia, e com o Prof. Dr. Wilmar Dias da Silva, do Departamento de Parasitologia deste Instituto, para se transferirem para o novo Departamento. O Conselho aprovou, então, que fossem tomadas as providências neste sentido, nomeando o Prof. Dr. Celeste Fava Neto como o redator das justificativas para tal fim.
Entretanto, foi somente em novembro de 1981 que a Congregação do Instituto aprovou a formação de uma comissão para instruir o pedido de subdivisão do Departamento de Microbiologia e Imunologia e do Departamento de Fisiologia e Farmacologia.
Finalmente, em 17 de dezembro de 1982, foi publicada no Diário Oficial a Resolução 2.446, de 16-12-82, pela qual criou-se o Departamento de Imunologia, com o código BMI.
Logo em seguida, o Prof. Dr. Ivan Mota foi indicado como chefe interino do novo Departamento, convocando a primeira eleição de representantes das diversas categorias de docentes para o Conselho Departamental e a realização de sua primeira reunião para o dia 11 de janeiro de 1983. Dois professores titulares, 9 doutores, 2 auxiliares de ensino e um professor colaborador compunham o quadro de docentes do recém-criado Departamento, que contava também com 10 técnicos de laboratório. Em maio deste mesmo ano, agregaram-se ao grupo mais dois professores doutores, dois auxiliares de ensino e 09 técnicos, procedentes da Unidade de Pesquisa e Ensino do Hospital Universitário.
O Departamento de Imunologia recebeu, então, o espaço físico para alocar os seus funcionários no andar intermediário do Edifício Biomédicas III, compreendendo 12 laboratórios e uma área administrativa restrita para 3 secretárias, além de uma área no andar inferior para abrigar o Biotério de Experimentação. Já em 1987, com o crescimento do Departamento e das atividades de pesquisa e formação de recursos humanos, os docentes pleiteavam um novo prédio, o qual foi concluído em 1994.
O número de docentes atingiu o seu patamar mais elevado em 1993, quando havia 21 docentes, a maioria contratada a partir de um processo seletivo rigoroso, baseado nos seguintes critérios: linha de pesquisa definida e profícua, capacidade de captação de recursos para a pesquisa, capacidade de formar recursos humanos de alta qualificação científica e capacidade didática. Em 1995, este número caiu para 16, com a aposentadoria de 4 docentes e a não-renovação de um contrato. Já nesta época, estes docentes eram apoiados no trabalho de pesquisa por um número reduzido de 17 funcionários não-docentes. Outros 12 funcionários não-docentes encontravam-se alocados nos Biotérios de Camundongos Isogênicos (criação) e de Experimentação.
O Biotério de Camundongos Isogênicos está instalado no Edifício Biomédicas II desde 1985, numa área de 700 m2, a qual foi adequada aos devidos fins com verba de US$ 700,000.00 da FAPESP e FINEP, e reformada entre 92-93 com uma verba adicional de US$ 70,000.00. Hoje dezessete linhagens de camundongos isogênicos e 40 linhagens geneticamente modificadas são mantidas neste Biotério, de padrão sanitário specific pathogen free (SPF) , o qual tem em média nos últimos 5 anos uma produção de 25.000 animais. Este biotério é o único da USP e um dos quatro do país acreditados internacionalmente e como tal consta do Índice Internacional de Animais de Laboratório.
O Biotério de Experimentação foi transferido para o Edifício Biomédicas IV em 1997, numa área de 620 m2, após a adequação das instalações e aquisição de equipamentos com verba obtida da FAPESP de R$ 330.000,00. Uma colônia de ratos SPF é mantida também neste biotério.
O Departamento mudou-se, finalmente, para o prédio novo em 1998, quando foi obtida verba dentro do Programa de Infraestrutura da FAPESP de R$ 600.000,00 para a conclusão da área interna dos laboratórios (bancadas, armários, etc.) e das salas de uso comum.
Atualmente, o Departamento de Imunologia conta com 4 professores titulares, 7 associados e 03 doutores, havendo mais duas vagas para professor doutor aguardando abertura de processo seletivo. Duas professoras aposentadas mantêm também seu laboratório de pesquisa nas dependências do Departamento. Quinze técnicos especializados estão vinculados aos laboratórios, 12 aos biotérios e 4 técnicos administrativos trabalham nas secretarias (geral, graduação, pós-graduação e compras).
A linha mestra de Pesquisa do Departamento é a elucidação dos mecanismos imunológicos básicos, utilizando-se modelos experimentais e doenças humanas. As linhas atuais compreendem o estudo da: alergia experimental; autoimunidade; imunobiologia do macrófago; imunobiologia da morte celular; imunobiologia do sistema complemento; imunobiologia de tumores; imunodeficiências humanas; imunofarmacologia de mediadores lipídicos; imunologia da Doença de Chagas; imunologia da malária; imunologia da paracoccidiodomicose; imunologia das leishmanioses; imunorregulação e tolerância imunológica.
Uma das metas acadêmicas do departamento é viabilizar a criação de novas linhas de pesquisa, particularmente aquelas de fronteira do conhecimento que permitam manter e ampliar a competitividade internacional dos trabalhos científicos produzidos pelo corpo docente. Assim, propusemos 2 áreas de fronteira para as quais conseguimos vagas para a contratação de novos docentes com experiência, liderança e criação de novos grupos de pesquisa. Áreas: 1) Genômica Funcional Aplicada à Imunologia – uma área que pode gerar grande avanços no conhecimento dos mecanismos regulatórios do sistema imune e assim propiciar diagnósticos mais apurados além de intervenção terapêutica a nível molecular para imunodeficiências, doenças auto imunes e câncer. 2) Neuroimunoendocrinologia – ciência que une três áreas de pesquisa em franca expansão e cujo estudo integrado poderá trazer importantes avanços para o conhecimento várias patologias humanas.
Os docentes têm associações com outros pesquisadores do Brasil e do exterior, através de convênios formais ou informais, que têm se mostrado altamente produtivos. Os resultados das pesquisas são publicados, na sua maioria, em revistas internacionais indexadas, em periódicos bastante representativos de cada área de pesquisa.
Nos últimos três anos a produção intelectual dos docentes permanentes foi de 301 trabalhos publicados em periódicos internacionais indexados.
O nível de internacionalização do Depto é mais um aspecto que merece ser realçado. Os docentes mantêm colaborações produtivas com grupos de pesquisa do País e do exterior, criando uma dinâmica de idas e vindas de pesquisadores que é muito benéfica para os docentes e pós-graduandos. Em 2009, registramos a vinda de 16 pesquisadores estrangeiros por períodos de uma, e até várias semanas. Estas colaborações possibilitaram, ainda, que 07 alunos realizassem estágios no exterior com bolsas da CAPES, Reserva Técnica da FAPESP ou ainda com bolsas de intercâmbios internacionais. Além disso, os docentes do programa realizaram visitas técnicas a centros de pesquisa no exterior, num total de 05 visitas. O Programa mantém um ciclo de seminários semanais muito bem selecionados e obrigatórios para os pós-graduandos, o que complementa a sua formação científica. Em 2009, foram realizados 30 seminários dos quais 16 com palestrantes estrangeiros. Além disso, implantamos o Curso de Pós-Graduação para alunos de outros estados brasileiros e demais países da América Latina, o São Paulo Graduate Immunology Course que foi oferecido em 2009 e deverá se tornar um evento anual.
Quanto à Graduação, o Departamento ministra atualmente 11 disciplinas obrigatórias para 11 unidades profissionalizantes, incluindo 4 turmas no noturno, totalizando aproximadamente 1300 alunos por ano. Com exceção da disciplina BMI-321 – Imunologia Médica, cujo conteúdo versa sobre Imunologia Aplicada às Moléstias Infecciosas, todas as demais disciplinas apresentam um programa fundamental de Imunologia Básica, que é finalizado com assuntos específicos de aplicação, modulados para cada um dos cursos profissionalizantes. Além disso, o Departamento ministra aulas para o curso de Ciências Fundamentais para a Saúde e oferece uma disciplina composta na sua totalidade por aulas práticas para alunos de graduação que desejam aprofundar a sua formação nesta área. O Departamento também oferece estágios obrigatórios e não-obrigatórios a alunos de graduação que desejam desenvolver projetos de pesquisa. O Departamento tem oferecido, regularmente, estágios de Iniciação Científica. Em 2009 estagiaram em nosso Departamento 18 alunos de Iniciação Científica, sendo 11 Bolsistas do CNPq ou da FAPESP. Além disso, tivemos 21 bolsistas CAPES do Programa de Apoio ao Ensino (PAE)
Em 1988, foi editado o livro “Imunologia Básica”, de autoria das Profas. Dras. Vera L. G. Calich e Celidéia A. C. Vaz, com a colaboração de vários outros docentes do Departamento, o qual foi adotado desde esta época como bibliografia básica para as disciplinas ministradas. Novas edições entituladas “Imunologia” foram publicadas em 2001 e 2009 pelas mesmas editoras com a colaboração de vários docentes. Os temas foram reformulados de acordo com os avanços da Imunologia e os novos conteúdos ministrados para as várias disciplinas do departamento.
O Programa de Pós-Graduação em Imunologia foi credenciado em 1983, tendo já expedido 225 títulos de Mestre e 218 de Doutor. Em 1990, recebeu o conceito A, da CAPES, em ambos os níveis e desde a avaliação de 1998, recebe o conceito máximo.
O Programa dispõe de 30 orientadores credenciados no momento, os quais ministram 42 disciplinas, num total de 187 créditos. Atualmente existem 30 alunos matriculados no Mestrado e 67 no Doutorado, dos quais 66 %, ou seja, 17 Mestrandos e 47 Doutorandos são orientados por 15 docentes do departamento, e o restante por docentes de outras instituições.
Com relação aos critérios para o ingresso no Programa, os alunos de Mestrado são selecionados através de prova escrita sobre os tópicos básicos da área e entrevista sobre o projeto de pesquisa com a Comissão de Seleção, indicada anualmente pela Coordenadoria de Pós-Graduação e composta por 3 orientadores do Programa. Além disso, o candidato deve demonstrar conhecimento básico da língua inglesa através de exame realizado por entidade credenciada. O ingresso no Doutorado é obtido após análise do plano de pesquisa por especialista e entrevista com membros da Coordenadoria, sendo esta última exigência dispensada aos egressos do próprio Programa de Mestrado. A seleção para Mestrado é feita semestralmente desde 1996 e para o Doutorado pode se dar em qualquer época. Nos últimos anos, a passagem para o Doutorado Direto tem sido incentivada para os alunos com maturidade científica e trabalho experimental de alta qualidade, sendo as solicitações julgadas pela Comissão do Exame de Qualificação para o Mestrado.
Quase a totalidade dos egressos de Doutorado está atuando nos campos de ensino e/ou pesquisa dentro da Imunologia, em Universidades públicas ou privadas, ou em Institutos de Pesquisa. Três ex-alunos são hoje docentes do Departamento e 11 são orientadores credenciados no Programa. O Departamento de Imunologia conta também com 11 bolsistas de Pós-Doutorado subsidiados pela FAPESP, CAPES e CNPq.
Com relação à Prestação de Serviços à Comunidade em geral, alguns docentes do Departamento de Imunologia fornecem assessoria na área de Imunodeficiências Primárias, Imunodiagnóstico, e Oncologia, bem como apoio ao Programa de Registro Latino-Americano de Imunodeficiências Primárias, através de exames laboratoriais para avaliação da imunocompetência humoral e formação de Banco de DNA e de amostras de soro e plasma de portadores de imunodeficiências primárias e seus familiares.
No que se refere às atividades de Cultura e Extensão em conjunto com o ICB, participamos durante estes anos em várias delas; a) O ICB aberto à escola; b) a Universidade e as profissões; e c) A feira das profissões. Realizamos Cursos de Difusão como o Curso de Citometria de Fluxo e estivemos engajados nos Programas de Aperfeiçoamento para alunos formados.
Deve-se também destacar a participação dos docentes do Departamento de Imunologia em atividades de Assessoria e Prestação de Serviços à Comunidade na área de Saúde. Isto pode ser exemplificado pelas seguintes atividades: a) assessoria para revistas científicas e agências de fomento; b) tratamento de câncer através de terapia baseada na vacinação com células dendríticas; c) presença de docentes do departamento no quadro científico de agências de fomento e sociedades científicas; d) assessoria a agências financiadoras de pesquisa; e) participação em corpo editorial e assessoria a periódicos nacionais e estrangeiros .
A Prestação de Serviços à Comunidade Científica e ao setor público se dá também através da cessão de animais a instituições públicas e privadas e ministração de cursos sobre Bioterismo.
Em resumo, o Depto de Imunologia tem cumprido com competência todas as atividades acadêmicas a ele vinculadas e tem contribuído de maneira importante para que o ICB mantenha-se com grande destaque no cenário das grandes instituições de ensino e pesquisa que contribuem significativamente com o desenvolvimento da país.